A hanseníase é o foco do Janeiro Roxo, que marca, no último domingo do mês, o Dia Mundial de Combate à Hanseníase. Em 2023, será em 29 de janeiro. No Rio Grande do Sul, a doença está eliminada como problema de saúde pública, mas mesmo com números baixos em relação ao resto do país, ainda há a circulação do bacilo causador da hanseníase chamado Mycobacterium leprae. Até 1995 era chamada de “lepra”, porém o nome foi modificado no Brasil para diminuir o preconceito que esse nome trazia.
De acordo com dados epidemiológicos da Secretaria da Saúde (SES), o Rio Grande do Sul tem hoje a endemia mais baixa de todo o Brasil (0,83, o que corresponde a 94 casos novos em 2021). Porém, há um alto índice de pacientes com incapacidades instaladas devido ao diagnóstico tardio. São 23% dos casos com as sequelas mais graves da doença, que poderiam ter sido evitadas com o diagnóstico precoce.
A responsável pelo Programa Estadual de Controle de Hanseníase, Márcia Lira, ressalta que a doença tem cura e todo o tratamento disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), entretanto é uma doença preocupante por ser contagiosa e comprometer o paciente com sequelas alijantes, além de trazer estigma. “A hanseníase quando diagnosticada tardiamente deixa um carimbo, uma marca na pessoa atingida, que ainda hoje se traduz em medo, vergonha e preconceito. Alguns pacientes não querem nem mesmo ser tratados em suas cidades pelo medo de serem descobertos e taxados de "leprosos", o que é crime passível de cadeia chamar alguém desta maneira”, diz Márcia. Ela acrescenta que: “para além das sequelas que podem ir desde perda de movimento dos pés ou mão, amputações e cegueira, mora o preconceito que gera o estigma. Por é isso é tão importante o diagnóstico precoce que só é possível quando os municípios e as equipes de saúde abraçarem o compromisso de buscarem os contatos dos pacientes no mínimo uma vez ao ano durante cinco anos, pois a doença pode se manifestar nesta janela temporal. Assim, quebra-se a cadeia de contágio e o diagnóstico precoce é feito, livrando o paciente de uma vida que poderia ser muito difícil”.
Cerca de 90% das pessoas já nascem com um grau de proteção contra a hanseníase e a transmissão acontece entre pessoas de contato íntimo e prolongado, por isso a necessidade de fazer o controle de contatos. “Falando de hanseníase, se procurar acha. Logo, devemos estimular um olhar atento para a doença e vigilância constante”, reitera Márcia.
Sintomas de Hanseníase
Inicialmente, aparecem uma ou mais manchas de cor avermelhada ou esbranquiçada na pele ou em qualquer parte do corpo. No local ocorre diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, a dor e ao tato. Na maioria das vezes ela passa despercebida por não incomodar, pois não coça e nem dói.
Com a evolução da doença, surge sensação de picadas, dormência ou formigamento em partes do corpo afetadas. Sensação de fraqueza nos braços, mãos, pernas e pés. Caroços vermelhos e dolorosos, febre, ínguas, edema de mãos e pés, dores articulares, dor e espessamento nos nervos (neurites) e mal-estar generalizado.
A doença pode se manifestar também na forma neural, com sintomas muito parecidos com crises de reumatismo.
Fonte: Secretaria da Saúde do RS