Neste domingo, dia 24, Tubarão completa 50 anos de reconstrução após ser devastada pela maior enchente do século 20 registrada na cidade.
Também era um domingo, dia 24 de março de 1974, os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado. No fim da tarde, a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior. Durante a noite, até mesmo os moradores das áreas pouco inundadas, sentiram repentinamente a água invadir as casas e a correnteza se tornar mais forte.
Há relatos de pessoas que dormiam e acordaram com os pés na água. Muitos subiram para os telhados das residências, e outros que foram levados junto com as casas. A partir das 21h, a energia elétrica estava interrompida e os telefones encontravam-se mudos. Ao clarear da segunda-feira, dia 25, Tubarão estava isolada e sem comunicação, e as chuvas permaneciam de forma intensa.
Um único helicóptero fazia os trabalhos de resgate, sobrevoando as casas cujo os telhados ainda apareciam acima da água, onde pessoas agitavam panos coloridos a espera de serem salvas.
Oficialmente 199 corpos foram identificados, mas devido a tecnologia precária da época, não é descartada a hipótese de que mais mortes em decorrência da enchente aconteceram sem ser identificados. A enchente elevou o nível do rio acima dos 10 metros e causou cerca de 2 bilhões de dólares em prejuízos.
Estimada em R$ 550 milhões, redragagem do Rio Tubarão segue em debate
A redragagem do Rio Tubarão é uma das obras que estão em debate há décadas. Sua realização é o principal apelo que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar reforça entre tantas outras demandas pela gestão dos recursos hídricos na bacia composta por 22 municípios.
De acordo com o presidente do comitê, Woimer José Back, em torno de um terço da capacidade de escoamento do Rio Tubarão está comprometida por conta de materiais sólidos depositados no fundo do rio. Com isso, dependendo do local da bacia em que uma concentração de chuvas em volume elevado é registrada, as cheias acontecem com mais frequência.
“Ou seja, é uma região de risco e sempre vamos conviver com essa ‘nuvem’. Por isso a necessidade de viabilizarmos o mais rápido possível a redragagem e, em paralelo, também já buscarmos outras alternativas que venham a contribuir com a situação, como a criação de canais extravasores para retirar o excesso das águas quando elas vêm de forma concentrada”, afirma.
E este planejamento, conforme o presidente, precisa ser realizado com a contribuição de todos os municípios da bacia, não somente de Tubarão.
Fonte: Folha Regional